quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

Superalcóolatra

Quando eu era mais novo lia muito esses gibis de heróis com identidades secretas e super p(h)oderes, e ficava imaginando que seria legal também ter algum poder secreto, só meu, que me fizesse diferente dos demais seres humanos.

Ficava esperando uma picada de uma aranha radioativa (ou geneticamente modificada), um choque de 300 mil volts ou qualquer coisa do gênero que me tornasse um super-herói. Às vezes até torcia que uma desgraça dessas me sucedesse para ver se virava um super super.

A expectativa aumentava. Nada acontecia até que um dia descobri que tinha virado o Capitão Cana depois de me cortar com os cacos de uma garrafa de aguardente de outro planeta. Quanto ao uniforme, depois de um tempo abdiquei da capa pois sempre acabava tropeçando nela na hora de realizar algum feito heróico e me estatelando no chão para o entretenimento dos transeuntes.

Meus superpodres, quer dizer poderes são: bafo de pinga espanta gatuno, super visão dobrada, coragem artificial para abordar belas infratoras, capacidade de fazer amigos de dar inveja ao Max Gehringer, insensibilidade à dor, entre outras. O que muita gente considera ruim para mim se revela de tremenda valia no mundo dos heróis.

Creio que para alguma coisa voltada para o bem eles devem servir. Por enquanto me mantêm meio afastado da sociedade, mas é assim mesmo, a maior parte dos heróis são solitários e incompreendidos. O Superman mora no Pólo Norte, cercado de ursos polares, e isso faz parte do modo de vida de nossa espécie, estou começando a me acostumar com isso.

Na verdade tenho um amigo que penso em convocar para trabalhar como meu assistente, afinal todo o herói que se preze tem que ter um assistente, e batizá-lo de Ganja Boy. Ainda não me decidi porque toda vez que penso nisso acabo me esquecendo no outro dia.

Ele é meio maconheiro e também tem superpoderes assim como eu. Descobriu isso depois de dar um tapinha num legítimo maranhense ao freqüentar a casa de uns hippies que tinham conseguido há pouco a carga, quando o grande espírito da Jamaica emergindo do fumacê cingiu suas têmporas com as folhas da cannabis.

Não será necessário perder tempo desenhando uma máscara pois já usa óculos escuros seja dia ou noite. O seu modelo de figurino ainda precisa ser discutido já que ele propôs roupas de cânhamo e temo que num período de seca ele acabe ateando fogo às vestes e inalando a fumaça de seu supertraje.

Ele está em fase de treinamento, testando e aprimorado as suas capacidades especiais, pode ser que demore mais do que imagino para transformá-lo num paladino da justiça ao meu lado mas quando nos entendermos bem sairemos para combater o mal e as ruas serão um lugar mais seguro para todos.

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