quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

A assistente da dentista

A assistente chegava sempre por volta da uma da tarde para fazer a limpeza no consultório, antes da dentista gorda e fumante pôr-se a empregar aqueles instrumentos pontiagudos rotativos nos molares dos infelizes de dentes rotos. Esterilizava os materiais e os posicionava na bandeja ao lado da cadeira todo dia antes da primeira consulta. Às vezes limpava as janelas com um pano, proporcionando instantâneos em posições sensuais.

Ele se posicionava na janela e à distância contemplava a beleza que julgava que ela possuía. A bunda era empinada, redondinha, não muito grande, e os cabelos curtos. Daquela distância o rosto não era totalmente nítido, porém os traços pareciam bastante promissores. Talvez ela não fosse daqui e sim de alguma cidade do interior de ascendência germânica (Pomerode?).

Levavam-no a loucura as várias posições que ela assumia ao tirar coisas de lugares baixos que nada tinham de eróticas. Quase nunca a via por muito tempo na tarde, o sol batia nos vidros da janela e ela fechava as cortinas, só reabrindo quando o sol baixava perto do fim da tarde.

Um dia ele calculou o andar e foi até a porta do consultório da dentista gorda e fumante. A assistente veio atendê-lo atenciosamente, sem qualquer conotação que não fosse de cortesia profissional, e ele marcou uma hora, à noite para fazer um orçamento para remoção dos sisos e ficou de voltar no horário marcado.

Ele já não tinha sequer um dente de siso encalacrado, incomodando as gengivas e o pretexto para ouvir a voz dela funcionara. Foi fácil desmarcar a consulta dando um desculpa qualquer, agora ele já sabia seu nome. Ive.

Acompanhou o término da consulta do último cliente da noite da dentista pela sua janela e quando a luz se apagou no consultório, saiu de seu quarto e foi providenciar um encontro fortuito com Ive na saída do prédio onde ela trabalhava. Esperou um tempo perto do mercado público e pegou-a saindo pela porta ampla que estava fechada à chave, sendo necessária a presença do porteiro da noite para destrancá-la.

Abordou-a gentilmente, refrescando sua memória a respeito de quem era e que lamentava que não ia poder consultar naquela semana. Os dois foram a um bar ali perto e ele pediu uma cerveja e ela, um suco de limão. Ficou intrigado pelo pedido dela. Ele falava mais do que ela e convidou-a para ir até seu apartamento.

Ao entrar ele apontou para a janela de onde sempre a acompanhava em suas tarefas e disse: É daqui que te vejo todo dia. Ela começou a se sentir desconfortável. Queria ir embora, tinha ido longe demais com alguém que não conhecia direito e mal lembrava o nome.

Ele a abraçou e beliscou sua bunda e disse: Do jeito que eu imaginava que seria, firme e deliciosa. Tal como John Fante-Arturo Bandini, ele se ajoelhou na frente dela e disse o quanto a desejava. E beijou-a, ela resistiu a princípio, se entregou aos poucos e não mais repelia a idéia de sentir a língua dele em sua boca. Ele sentiu os seios que cabiam folgadamente em suas mãos por cima da roupa.

Não se conteve e tirou a blusa dela e rasgou o sutiã e pressionou com força seus mamilos. Ela gritou, ele deu um tapa com as costas da mão direita e a jogou na cama e arrancou sua calça, destruiu num ímpeto voraz a calcinha dela. Ele cheirou a calcinha e disse: Vou chupar essa bocetinha, e caiu com tudo.

Ficou excitada, queria e não queria ao mesmo tempo. Ele sentiu a umidade dela como um sinal de aprovação, afrouxou a sua calça e estocou nela com força. Várias vezes, não demorou muito e gozou.

Ele acendeu um cigarro contrabandeado do Paraguai e o cheiro da fumaça a deixou mais enojada. Sentia-se vilipendiada com o estupro semiconsentido – observe a mente machista de uma mulher. Os pulmões intoxicados pela fumaça cancerígena de baixa qualidade que ele exalava com contentamento. Ele removeu a rolha de uma garrafa de vinho barato com a boca e ofereceu para ela num copo enquanto emborcava o líquido rubro direto do gargalo.

Quem bebia era ele, todavia ela que experimentava os efeitos do álcool. O homem, a princípio jovem e bonito, começava a se tornar um homem de 40 e poucos anos, grisalho, até se tornar um velho acabado de 65 anos em sua frente. Ele coçava a bunda e ela se repugnava, dificilmente teria ido com alguém daquele jeito para um local desconhecido e à medida que ele ingeria mais vinho, mais se transmutava naquele ser repelente.

Ela pediu para ir ao banheiro e iria aproveitar para tentar escapar dali antes de ele se transformar numa carcaça decrépita. Ao lavar as mãos a torneira do banheiro se soltou e ela usou aquele pedaço de metal para ferir o homem na nuca enquanto ele se abaixava para pegar uma cerveja no frigobar. O sangue começou a brotar do ferimento e a empapar o carpete, sobrando pouco tempo de pegar sua bolsa e fugir antes que descobrissem o que tinha feito ao sujeito.

No outro dia ao chegar costumeiramente no início da tarde no consultório ela hesitou em chegar à janela. Antes de fechar as cortinas pode notar o homem sorrindo e acenando em sua direção da janela de seu quarto no edifício vizinho.

0 comentários: