segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

O encontro

Ele queria encontrar Deus. Não no sentido espiritual da coisa. Ele queria ficar frente a frente com Ele. Tinha algumas coisas que queria saber e precisa saber o quanto antes. Logo ele que não fazia sinal da cruz menos ainda sabia rezar.

“Como é que é, vai me atender ou não vai, porra?” dizia ele em voz alta pela rua, olhando para o céu sem a menor reverência. Ele insistia, mesmo sabendo que provavelmente tinha mais chance de ser atendido com um raio por algum deus da mitologia grega.

Entrou na primeira igreja e ordenou que o padre o levasse até o telefone, cuja linha direta com Deus iria permitir falar com o próprio e se convidar para o churrasco de domingo. Imaginou que se nem Deus trabalhava no domingo, muito bem podia preparar um churrasquinho para aquela cambada de santas e santos que nunca concediam milagre algum e recebê-lo. Ele até daria alguma desculpa para não ter que bater um carteado com Deus, pois se ele é tão onisciente ia saber que cartas ele estava segurando e lá se ia a chance de fazer Deus ficar com o morto.

O padre explicou que era impossível o que pedia. Não havia 0800 algum que o ligasse com o SAC do paraíso. “Quem quiser falar com Deus deve fazê-lo com o coração, orando com muita fé e convicção” foi a resposta vaga do padre.

Em casa fuçando a sua coleção grande de bolachões, procurou a resposta em uma música do Gil. Aquela do “se eu quiser falar com Deus...” Prestou atenção na letra e nada tirou de proveitoso.
Pensou que Deus provavelmente estava em algum asilo celestial, babando no travesseiro, sendo trocado por algum anjo de pouca sorte. Aquele filho dele era bem capaz de ter feito isso. Interná-lo quando fizera um trilhão e meio de anos e assumido a gerência do resort, colocando Judas como o limpador de estábulos.

Fez de tudo e não foi possível conseguir uma horinha que fosse com o divino. Já tinha até desistido daquilo, de ver e falar com o Homem lá de cima. Conformara-se com tudo, até havia pensando em morrer, havia sido um cara legal no final das contas, claro que tinha direito a uma nuvem só sua. Porém gozava de boa saúde, só se suicidando, o que automaticamente afastaria de seu objetivo. E tinha outra: se não estivesse vivo, não veria graça alguma naquilo. O legal seria poder voltar para dizer para os amigos do bar que havia se reunido com o Todo-Poderoso em pessoa.

Estava saindo para um encontro com uma mulher que cobiçava quase que com o mesmo fervor com que se dedicava ao encontro com Deus, o telefone tocou.

“Senhor Fulano de Tal, aguarde um momentinho que o Senhor já vai atendê-lo” disse uma secretaria com a voz angelical. “Senhor? Que Senhor? Isso é alguma brincadeira?” disse ele. “Não, o Senhor quer falar com o senhor” explicou-lhe de novo a garota da voz macia.

A bela secretária vira-se para o Todo-Poderoso e diz: “Ele disse que está muito ocupado agora e perguntou-me se poderia retornar a ligação outra oportunidade”. Deus coça suas velhas barbas e pensa consigo mesmo: “Logo agora que eu convenci São Francisco a carnear um boi!”

quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

Eu e a mulata que o Armani me arranjou

Nem bem tinha feito 21 anos e tinha comido tanta vadia que não dava para fazer as contas sem ajuda de uma lista telefônica. Não sei se era por que minha família era influente e rica, o que me fazia rico também, ou se bastavam apenas meu charme e atributos naturais.

Georgio Armani, grande amigo da família, entrou na cozinha com uma mulata magra, não muito bonita de rosto, mas gostosa. De cabelo crespo quase à altura da nuca. Trazia consigo uma bunda que não era grande coisa e os peitos menos que regulares dentro de um biquíni de crochê. Mas ela tinha sido eleita Alguma Coisa do carnaval ou estava a ponto de ser.

Troço doido! O capo da moda, cafetão de mulata. Essa eu não sabia e imaginei como esse cargo ficaria no cartão de visita dele. Como meu avó antes do meu pai eu conhecia todo o mundo importante e influente. Esse era uma espécie de tributo que o estilista prestava a mim sem razão alguma, me presenteando com algumas horas de putaria com a mulata.

Ela não demonstrava grande inteligência ou se tinha, não havia sentido a menor vontade de demonstrar. Tirei a parte de baixo do biquíni dela antes da parte de cima. Ela não reclamou nem se tocou que poderíamos ir para um lugar com mais privacidade.

Ali no meio da cozinha não lhe pareceu pouco apropriado; para mim tampouco, só que existe um troço chamado moral e bons costumes que meus familiares prezam.

Levei-a para o meu quarto e nem fechei direito a porta, mal encostei. Minha irmã entrou e me viu com a mulata pelada em cima da cama. Nem se importou muito com isso e saiu. Assim como eu minha irmã deve ter perdido os seus bons costumes.

Agarrei a mulata, fiz ela ver e me chupar o pau que estava imenso e disse que queria meter em seguida. Ela não estava tão emocionada como eu desejava. Ela tinha consciência de que era um presente, um objeto. Ela era assim com todo mundo. Aqueci a negrinha falando tanto sujeira em seu ouvido que hoje ela ainda deve estar tirando coisas de lá de dentro.

Na verdade ela ainda não tinha sido eleita, ia concorrer mais tarde. Seu enfado se justificava pela demora no tempo passar. Antes de eu estocar, ela se revoltou e disse que demorei demais. A primeira vez que registro isso: uma mulher me chamando de lento. Logo eu que não acredita em preliminares e na necessidade de ser formalmente apresentado previamente a fornicação.

Vestiu aquele biquíni ridículo e minúsculo e um bandido barato, vestindo um terno caro, de uma quadrilha rival, entrou no meu quarto pela porta-janela de vidro e exigiu a mulata para ele. Peguei uma cadeira e desci com vontade no bastardo, como o bugio de 2001 com o osso na mão, e destruí seu nariz que já era medonho.

Georgio veio ver o que estava a acontecendo e ouviu ameaças de processo do bandido nocauteado dirigidos a ele e a mim. Que merda de mafioso era aquele! Ao invés de uma emboscada traiçoeira e perfeitamente tradicional, queria resolver esse assunto num tribunal.

A essas todas ela estava na praia sendo coroada, finalmente. Não agradeci o presente ao Armani que nem ligou para isso. É melhor o italiano caprichar no aniversário de meu pai. A expectativa é que ocorra outra putaria desenfreada melhor que a do ano passado com modelos internacionais chupadoras e às vezes lésbicas.