segunda-feira, 27 de agosto de 2007

Algumas mulheres

Vanessa
Vanessa era uma morena muito gostosa, não muito bonita de rosto, mas muito gostosa. A vizinha da frente dos sonhos de todo garoto onanista. Eu falava isso pra ela e também elogiava seus peitos, que maravilhas eles eram, os dois perfeitamente simétricos e lindos. Ela ficava sem-jeito sem necessariamente ficar constrangida, parecia que gostava de me ouvir falar aquelas coisas que enalteciam o ego dela. Mudado o cenário era como se fosse a Helô Pinheiro, que não era Pinheiro e era morena nesse tempo, e eu, um velho babão cachaceiro, tecendo linhas de elogio àquele corpo perfeito que ia e que vinha. Eu a comi, muitas vezes por sinal. Preferia tê-la comido quando ainda estava noiva. O prazer teria sido redobrado. O asno não tinha a mais vaga noção da mulher que tinha e que lhe escapou por entre os dedos. Felizmente o mundo é povoado por um contingente grande de babacas. Agora ela andava no Rio, dando para atores globais e eu aqui, me virando para pagar as contas no fim do mês. Escrevia minha prosa sacana e rangava uma ou outra com essa abordagem. Ainda funcionava e me garantia carne selecionada. Mas eu pensava nela. Aqueles seios eram fantásticos, podiam ser um pouco maiores, do que jeito que estavam já eram perfeitos e proporcionais. Seu rosto não era feio nem bonito, ficava bem mais próximo desse último tipo. Eu acalentava o sonho de fazer sexo com ela uma outra vez mais. Com ela um homem não faz amor, faz sexo mesmo, do tipo quente, quanto mais sujo melhor, basta apenas ter calma e desarmar-lhe as barreiras. Procurei por ela no Rio, encontrei apenas:

Fernanda
Uma putinha polaca que vinha de uma cidade de bosta na divisa de SC com PR. Queria me beijar. Eu não beijo putas. Ela realmente gostava de mim. E quanto a mim, eu só queria comê-la sem ter que pagar e consegui. Aquilo não estava mais funcionando para mim. Eu a comia pensando na Vanessa, que não poderia ser mais diferente dessa aqui. Tive vontade de esbofeteá-la. Fernanda, não Vanessa. Assim ela me deixaria em paz. Vanessa eu só batia quando me implorava uns tapinhas fazendo biquinho com seus lábios macios e volumosos.Na volta do Rio, sem ter feito grandes progressos para encontrar Vanessa, troquei Fernanda por

Lídia
Amiga de uma amiga de uma ex, que encontrei por acaso voltando também do Rio. Tinha acabado de fazer uma revista masculina bem bagaceira. Sorte minha ela ter cheirado a passagem de avião. Sentamos juntos a viagem inteira. Em pouco tempo lá ia eu, dizendo muita sujeira em seu ouvido. Deu certo e fizemos entre os bancos do fim do corredor do ônibus quase vazio. A pele bem bronzeada era um afrodisíaco por si só, aliada a bela cara de puta cara. As horas passaram depressa. Fiquei de ligar para ela quando nos despedimos. Segui com ela por mais um tempo. Daí surgiu

Sara
Uma atrizinha de talento, beleza estranha, ao contrário de Vanessa era genuinamente inteligente, muito madura para sua idade. Me fazia pensar duas vezes antes de lhe falar qualquer coisa que fosse. Nutria uma forte tendência homicida em relação ao ex-namorado, por essa razão transávamos sem, no entanto, dormirmos juntos, nem na minha nem em sua casa. Sara era intensa de uma forma que eu nunca tinha experimentado antes, demandava muita mão de obra e estratagemas intelectuais. Um pouco de complicação faz a vida mais interessante, não obstante, superficial como sou, desisti. Foi muito interessante ter um envolvimento com ela, mas eu acabei me enrolando de novo com

Lídia
Sabe como é? As coisas com Lídia não tinham terminado, apenas estavam em estado de animação suspensa, como se diria em filme barato de ficção científica. Onde eu entrava com ela não fazíamos aquela entrada triunfal, mas não chegávamos despercebidos. E quem disse que íamos nos casar mesmo? Enquanto estivesse tudo tranqüilo, sem pressão, continuaríamos nos vendo. Adivinha quem volta do Rio por minha causa?

Vanessa
"Oi", ela me disse com aquela voz deliciosa pelo telefone. "Podemos nos ver? Fiquei com saudade das coisas que você me dizia."
"E de mim mais ainda, naturalmente?"
"Lógico", respondeu Vanessa.
A bem da verdade ela não havia voltado do Rio exclusivamente por minha causa. Iria passar duas semanas na cidade e eu tinha tudo para aproveitar a curta temporada naquelas curvas. Levei-a para jantar numa pizzaria foderosa perto de minha casa. Já meio alta de vinho me pergunta se podíamos ir para minha casa. Querida, a gente já está lá. Sexo quente e devasso a noite toda. Com ela eu faria a noite toda e mais dias e noites seguidas, esquecendo o cansaço.

Seu celular tocou outro dia desses quando estávamos juntos. Era um escroto que conhecera no Rio. Ficou bastante tempo com ele ao telefone e não pude me controlar, quando disse para ele que não estava fazendo nada e quando encerrou a ligação e me disse o nome do sujeito com um certo ar de felicidade, imaginei aquele sotaque nojento carioca do outro lado, sem pensar muito, com as costas da mão dei um tapa naquele rosto que há pouco afagara, sentindo a pele macia.

Sabia que ela não era minha, foi um choque para meu cérebro ter tanta certeza disso. Por aquele momento o controle me fugiu: lá era lá, aqui era aqui. Senti que as coisas haviam se misturado e fiquei muito possesso com isso. Quem aquele excremento pensava que era para encurtar ainda mais os poucos momentos que me restavam ao lado dela?

Desnecessário dizer que perdera de vez Vanessa. Amanhã mesmo ela voltaria ao Rio, direto para o sujeito do telefone e a culpa era toda minha. Até agora estou surpreso comigo mesmo pelo que fiz. Não era o meu jeito, nunca fui assim. Não era algo que faria por mais raiva que sentisse de quem quer que fosse. Apesar de tudo minha vidinha continuaria, vazia e insípida como sempre fora.

Escutando uma dessas músicas com pianinhos estilo Bacharach, senti a urgência de matar alguém, gritar e chorar. Liguei correndo para Vanessa.
"Me perdoa?"
Ela estava muda do outro lado."Por favor. Perdi a cabeça."
" ..."
"Se fiquei muito puto é porque eu te amo. É isso mesmo. Te amo. Não vai pro Rio. Fica aqui comigo."
"Doeu!"
"Me perdoa. Sou maluco, tarado por ti, sabe disso."
"Eu sei, mas..."
"Pelo menos me deixa te ver mais uma vez. Uma última vez."
E nos vemos uma última vez e fodemos uma última vez. Ela então se foi. Segurei o choro, afinal a vida continua.

3 comentários:

Unknown disse...

Bela história meu velho! Muito boa mesmo. Manda a próxima. Tô viciado nessas modelos. ;D

Leandróide disse...

Valeu pela leitura, Crispim! Tou elaborando outras narrativas para breve.
Abr.,
L.

Limeira disse...

Oláá!!! Ei, você escreve muito bem. E está condenado às mulheres, como diria aquele escritor americano James Baldwin. Mas, uma pergunta: a que horas você trabalha? É funcionário público, marajá em Brasilia? Ah-ah! Valeu, amigo. Um beijo & Saludos. Maria José Limeira.